Worldcoin, projeto do criador do ChatGPT para escanear íris gera polêmica e debate

Worldcoin levanta preocupações sobre privacidade e segurança de dados, reacendendo o debate sobre os limites da tecnologia.

11/08/20234 minutos

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Em meio ao crescente panorama tecnológico, um projeto para escanear íris, liderado por Sam Altman, o criador do ChatGPT, tem gerado ondas de preocupação e debate acerca da privacidade e segurança de dados. A Worldcoin, empresa por trás da iniciativa, propõe um escaneamento de íris em massa para criar um "passaporte digital", mas as implicações desse empreendimento têm chamado a atenção de autoridades e especialistas.

Desbravando Novos Caminhos na Identificação Digital

A Worldcoin, em sua essência, é uma rede de identificação digital. Com a promessa de promover a inclusão financeira global, a empresa acredita que o escaneamento de íris seja a maneira mais segura de distinguir seres humanos de inteligência artificial, evitando os desafios enfrentados por outras formas de autenticação. Em um futuro não tão distante, androides poderão caminhar entre nós utilizando voz, rosto e todo o físico de uma pessoa. Com a rápida evolução da IA, já estão sendo identificados casos de pessoas se passando por outras utilizando ferramentas de modulação de voz e tecnologia deepfake.

Qual a estrutura da Worldcoin?

A estrutura da Worldcoin é composta por três pilares fundamentais: o World ID, que transforma o padrão único da íris em um código numérico; o Token Worldcoin (WLD), uma criptomoeda distribuída como recompensa; e o World App, um aplicativo que viabiliza transações utilizando a criptomoeda.

Quem cadastra a íris pelo Orb ganha 25 unidades da WLD. Atualmente, a quantia é avaliada em US$ 48 (quase R$ 240) na cotação de 8 de agosto, após uma desvalorização de 19% nos sete dias anteriores.

Após o cadastro, cada usuário tem direito a 1 WLD (cerca de R$ 9,50) por semana por meio do World App. Também há uma promessa de bonificações pontuais para quem ajuda a levar o projeto à frente, incluindo desenvolvedores e criadores de conteúdo. Ou seja, a Worldcoin literalmente paga o usuário para possuir os seus dados. No entanto, por anos as empresas de tecnologia vem coletando dados dos usuários que alimentam dispositivos de segurança, como reconhecimento facial e biometria. Mas por que o alarde em torno de mais uma nova tecnologia?

Críticas sobre a Worldcoin

A visão de especialistas sobre a Worldcoin não é unânime. Especialistas em privacidade, como Rafael Zanatta, diretor do Data Privacy Brasil, e Nina da Hora, cientista da computação, questionam a falta de transparência quanto ao tratamento dos dados dos usuários. Eles destacam que a Worldcoin precisa esclarecer como as informações serão armazenadas e utilizadas. Um dos pontos mais controversos é o uso dos dados coletados. Enquanto a Worldcoin afirma que não requer informações pessoais como nome, telefone e endereço, a sequência numérica gerada a partir do escaneamento ainda é considerada um dado biométrico sensível. Críticos levantam a possibilidade de que essa informação seja reutilizada de maneiras não autorizadas.

Uma Discussão Internacional: Suspensão e Avaliação da Worldcoin

O impacto da proposta ultrapassou fronteiras. No Quênia, onde mais de 350 mil pessoas se inscreveram no projeto, as autoridades suspenderam temporariamente a iniciativa. Enquanto isso, órgãos reguladores de dados em nações como França, Alemanha e Reino Unido estão conduzindo avaliações detalhadas sobre a segurança e legalidade do projeto. Segundo a Worldcoin, mais de 2,2 milhões de pessoas escanearam a íris desde maio de 2021, quando o projeto ainda estava em fase beta.

Desafios e Reflexões sobre a Privacidade

A Worldcoin se encontra no centro de um debate fundamental sobre privacidade, segurança de dados e os limites da tecnologia. Em um mundo cada vez mais conectado e digital, a busca pelo equilíbrio entre a conveniência e a proteção das informações pessoais se torna essencial. A trajetória da Worldcoin continuará a atrair atenção, questionando como a sociedade moderna pode utilizar a inovação de maneira responsável.

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